sábado, 16 de junho de 2012

89 anos

"Amor não tem que se acabar
Eu quero e sei que vou ficar
Até o fim eu vou te amar
Até que a vida em mim
Resolva se apagar"

Até o fim ela amou ... Dizia sempre que amava viver e que não queria morrer. Lutou sempre e com toda garra para na vida estar bem. Porém seu dia de nos deixar chegou. Foi a dor mais profunda que vivi. Uma dor que ainda não tenho condições de dimensionar. Não sei a falta que irá fazer. Mas há um compromisso em compensá-la com muita alegria. Do jeitinho que ela torcia. Aliás, minha maior torcedora. Ela me punha pra cima sempre. Me achava linda, elegante, merecedora do que há de melhor, divertida, inteligente ... E em muitos momentos me fazia sentir-se dessa maneira, pela forma que conduzia a conversa e pelo jeito que me olhava. Ela queria me ver feliz. Perto dela não havia espaço para sofrimento ou lamentação ... Minha amiga com mais experiência de vida. Me ouvia, me dava colo e me ordenava levantar a cabeça e seguir em frente. Era de uma força bruta! Não tinha meias palavras, mas tinha as palavras certas. Nem sempre era o que queríamos ouvir ... Palavras que hoje me embalam, me acalantam, me acalmam, pois assim que me tratava. Com carinho, cheia de mimos e com todo aconchego ... Eu entendia a eternidade. Eu a tinha. Eu ainda entendo a eternidade. Mas agora a tenho de outra forma. Minha avó amada ... pra sempre comigo. 


Minha avó uma pessoa a frente de seu tempo. Um coração que não se restringia aos seus. Era de muitos. Mas era osso duro de roer. Persistente! Teimosa. Queria tudo da sua forma e não sossegava enquanto não conseguia. Se precisasse, mobilizava a família. E a tal da campainha que tinha em seu quarto para nos chamar? O que tocava ... E quando víamos, estávamos todos em seu quarto, recebendo suas ordens, mas principalmente seus ensinamentos. Adorava ver o circo pegar fogo! Fofoca era com ela mesmo. E comigo não tinha espaço. Ficava louca da vida e dizia para minha mãe que eu batia de frente com ela...rs...eu só não queria falar sobre o sobrinho do filho da vizinha que eu não fazia a menor idéia de quem era e ao que veio. E mais, muitas vezes não queria falar da filha da minha prima que eu sabia quem era...mas ela gostava. E cada um que chegava contava e dava uma apimentada. Dava outros sabores as histórias. Aliás, falando em sabores, como cozinhava ... e que prazer que tinha em oferecer sua obra aos seus admiradores. E nós nos esbaldávamos. A família juntava e ela ia para cozinha fazer o prato favorito de cada um. Queria agradar a todos. E todos ficávamos satisfeitos.


Ela sempre surpreendia. Superou e se renovou. Não deixou que nenhuma doença a abatesse. Se curou muitas vezes e dizia que era um incômodo que seria resolvido rapidamente. E mudou sua postura. Tinha defeitos. Mas esses também revistos por ela. Por uma situação imposta, reviu seus valores e mudou. De abraços abertos recebeu os novos. Agregava.


Todos aqueles que viveram e conviveram com ela, possuem histórias para contar. Pedimos que nos tragam essas histórias. Sempre! Ela vai gostar de ouvir e a gente de saber um pouco mais sobre ela!


Minha avó, que lindo Dia dos Namorados você teve. Sabíamos da saudade imensa que sentia pelo Rubão e a dele por você. E ele, com toda sua gentileza e com muito amor, veio buscá-la. Bailem para sempre! 




Um comentário:

  1. Fiquei muito emocionada com a visão que tem da sua querida vovó. Lembrei da minha tb! Parabéns, querida. bjos

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