terça-feira, 24 de abril de 2012

Boca Suja

Devo ter sido pouco repreendida na vida, pois desde que eu me lembro por gente, praticamente desde sempre, falo palavrão, daqueles ditos cabeludos, para enunciar uma frase, dar pausa numa fala ou finalizar um pensamento. Para manifestar indignação, demonstrar alegria ou expor alguma tensão. Enfim, falo e nem percebo. Em várias situações. Óbvio que em determinados momentos me policio, mas confesso que sinto uma falta danada e acho sempre que pode elucidar ou concluir um pensamento, que acabo guardando para mim. As vezes ele me escapa! Eba! Uma amiga uma vez me disse, quando morava fora já fazia um tempo, que sentia falta de falar palavrão em português e mais ainda de que o entendessem. Sim, ele expressa sentimentos e um único palavrão pode significar várias coisas em várias situações. Uma palavreado bastante rico. Pois bem, pagaria o preço em ser tão desbocada em algum momento. O momento chegou e eu me coloquei a pensar. Me coloco de castigo constantemente. Tenho que ficar 2 minutos sentada no sofá e quietinha. Hoje convive comigo uma esponjinha que repete sempre o que digo e, o mais incrível, com a mesma entonação. Fui a primeira reunião escolar e em um determinado momento a orientadora estava explicando sobre as aulas de teatro e como as crianças aproveitam esse momento para expressar o que sentem, imitam os atos dos pais, como ir ao supermercado, ao posto (sim, vida sem graça, mas eram palavras da professora) e também é quando repetem o que os pais falam, principalmente os palavrões ... Ai! Caiu a ficha e devo ter corado ... Bom, pelo menos internamente era como eu me sentia ... Terminada a reunião, fui conversar com a professora pois se minha filha repetisse minhas palavras queria que todos soubessem da onde vinha. Se há algum constrangimento nisso, que seja meu ... Ufa! Ela me contou que nunca ouviu nada da minha pequena. Ah! Menos mal então. Vai ver que não presta tanta atenção no que eu digo ... Eis que um dia ela me fala "a nona é foda". Caraca, eu tinha conversado nesse dia com a minha mãe e por admirar a força de viver da minha avó disse: "a vovó é foda". Reflexão e o que fazer. Conversamos que algumas palavras não são bacanas de falar, que não há necessidade e como eu tinha dito isso, estava de castigo por 2 longos minutos. Como o tempo não passa quando estamos de castigo! É uma droga! Dá para imaginar a quantidade de palavrões que passaram pela minha cabeça? De fato, comecei a prestar mais atenção perto dela e deu resultado durante um tempo. Hoje pela manhã, conversava em seu celular de plástico rosa, quando deu uma pausa, arregalou os olhos, suspirou e disse: "puuuuta". Olha eu de novo lá e de castigo ...

4 comentários:

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  2. Aaaaiii Rê! Que saudades de você!
    Nunca comentei nada por aqui, mas sempre dou muita risada com suas histórias.

    Quanto aos castigos, não se afobe não...cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é , né não!

    beijo grande!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Amiga, te entendo perfeitamente, pois já tive uma esponjinha dessa em casa tb... Refiro-me ao passado, pois hoje ela tá mocinha e já sabe discernir o que não é legal e o que não deve ser repetido ou repassado.

    Já aliviou bastante, porque - sejamos sinceras - falar palavrão dá um alívio, né?

    Então, o lance é o seguinte: só vamos dizer que nós somos FODONAS quando estivermos longe delas, fechado? hahahahaha

    Gde bjo e continue nos deliciando com suas publicações.

    Cris

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