domingo, 28 de dezembro de 2014

R


Inevitável pegar sozinha uma longa estrada nessa época do ano, ao fundo um som bacana rolando (Jamie N Commons muitas e muitas vezes) e não permitir reflexões. Soa algo como retrospectiva 2014 e é quase isso. Só que nela foram incluidos conceitos e atitudes de uma vida toda e que em muitos momentos foram alterados. Que grandiosa permissão me propus, mudanças. Nessa restrospectiva também, mais do que tudo, cabe fundamentalmente minha filha, que alimenta o melhor em mim. E me vendo hoje, pensando no que fui e no que sou, olhando para ela, espero que reproduza o que tenho de bom, porque inexoravelmente a reprodução se dará. Espero que padrões que insistem em se repetir, e que luto para que não me acompanhem mais (trabalho árduo e as vezes cansativo) somente a mim pertençam. Que ela adote outros padrões e que não sejam repetitivos. Que as minhas palavras não sejam um peso. Que sejam as vezes um direcionamento, as vezes uma opinião e em outras vezes apenas uma sugestão. Que eu tenha dissernimento ao mencioná-las. Que descubra a possibilidade do amor bem antes do que eu descobri (não há muito tempo isso ocorreu). Que o viva livremente. Que se interesse por pessoas, não por gêneros, e que tenha olhos para ver o outro na sua integridade. Que frases como “essa é para se casar” não sejam ditas perto dela, porque não há de permitir. Mas que de fato não seja para casar. Que não pode seu desejo e que a fidelidade esteja relacionada aos seus sentimentos. Que haja gentilmente. Que seja generosa na sua forma de se relacionar. Que sua timidez não a impeça e que transforme sua insegurança em força. Que lute por si, se posicione, se empodere. Que esteja rodeada de bons amigos, de boas conversas. Que se muna de boas leituras, ouça boas músicas e desfrute de boas cervejas. Que se a droga se aproximar, que tenha controle sobre ela. Mas que acima de tudo tenha liberdade e que a usufrua intensamente.

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