Inevitável pegar sozinha uma longa estrada
nessa época do ano, ao fundo um som bacana rolando (Jamie N Commons muitas e
muitas vezes) e não permitir reflexões. Soa algo como retrospectiva 2014 e é
quase isso. Só que nela foram incluidos conceitos e atitudes de uma vida toda e
que em muitos momentos foram alterados. Que grandiosa permissão me propus, mudanças.
Nessa restrospectiva também, mais do que tudo, cabe fundamentalmente minha
filha, que alimenta o melhor em mim. E me vendo hoje, pensando no que fui e no
que sou, olhando para ela, espero que reproduza o que tenho de bom, porque
inexoravelmente a reprodução se dará. Espero que padrões que insistem em se
repetir, e que luto para que não me acompanhem mais (trabalho árduo e as vezes
cansativo) somente a mim pertençam. Que ela adote outros padrões e que não
sejam repetitivos. Que as minhas palavras não sejam um peso. Que sejam as vezes
um direcionamento, as vezes uma opinião e em outras vezes apenas uma sugestão.
Que eu tenha dissernimento ao mencioná-las. Que descubra a possibilidade do
amor bem antes do que eu descobri (não há muito tempo isso ocorreu). Que o viva
livremente. Que se interesse por pessoas, não por gêneros, e que tenha olhos
para ver o outro na sua integridade. Que frases como “essa é para se casar” não
sejam ditas perto dela, porque não há de permitir. Mas que de fato não seja
para casar. Que não pode seu desejo e que a fidelidade esteja relacionada aos
seus sentimentos. Que haja gentilmente. Que seja generosa na sua forma de se
relacionar. Que sua timidez não a impeça e que transforme sua insegurança em
força. Que lute por si, se posicione, se empodere. Que esteja rodeada de bons amigos,
de boas conversas. Que se muna de boas leituras, ouça boas músicas e desfrute
de boas cervejas. Que se a droga se aproximar, que tenha controle sobre ela.
Mas que acima de tudo tenha liberdade e que a usufrua intensamente.