domingo, 25 de novembro de 2012

O Tesouro do Rubão


Uma vez eu disse que queria ser uma mãe que soubesse contar histórias. Eu contei. Contei uma história com elementos emprestados daqui e dali, porém, com personagens que somente Joana poderia permitir. Um pouco do encanto da Nair e do Rubão.

O Tesouro do Rubão

Chegou o feriado tão esperado. Joana estava ansiosa para ir para Avaré na casa da Vovó Regina. Lá é muito legal. Tem um jardim enorme que esconde um tesouro. Pelo menos foi o que a Fada Nona disse para ela quando se encontraram em sonho. A Fada Nona acompanhou toda a construção da casa. Conhece cada canto. Ela mora naquele jardim e cuida dele muito bem. Sempre está florido. Orquídeas e rosas são as suas preferidas. Bom, voltando ao tesouro, Joana arrumou suas malas, as do Tamborim e partiu para Avaré, mas não sem antes ligar para sua tia e combinar de encontrá-la por lá. Chegando na casa da sua avó, Nina veio recebê-los com o rabo abanando. Muita comida na mesa, bolo de fubá e muito sorriso da Vovó Regina, que havia preparado tudo de maneira muito especial. Joana estava preocupada. Sua tia ainda não havia chegado. Mas ela sabia porque. Sua tia estava esperando uma pessoa especializada em busca de tesouros, o pirata Jack Espirro. Foi dormir. Na madrugada Joana ouve passos e espirros. Finalmente tia Micoleta, sua picareta e o capitão Jack Espirro ancoraram em Avaré. Mais do que rápido Joana levantou, chamou seus fiéis escudeiros, Nina e Tamborim, e foram ao encontro deles. O capitão estava com um suposto mapa do tesouro na mão e um lenço, pois não parava de espirrar. Sentaram. Armaram estratégias. Planejaram tudo com detalhes e saíram a caça. Passaram o dia todo procurando sem nada achar. Não queriam parar nem para almoçar. O pirata com seus espirros não parava de andar pelo jardim. Tia Micoleta com sua picareta cavava imensos buracos. Vovó Regina estava ficando maluca com o que estavam fazendo com o jardim de sua casa. Não estava entendendo o que estava acontecendo. Estava nervosa porque já estava quase anoitecendo e ninguém queria comer nada. Resolveu perguntar o que estavam procurando. Foi quando contaram para ela sobre o tesouro. Ela riu. Disse que não sabia onde estava, mas que sempre ouviu seu pai, o sábio Rubão, falar de um tesouro. Ela e seus irmãos passaram a vida imaginando onde havia de estar. Rubão dizia que estava mais perto do que imaginavam, mas nunca deu muitas pistas. Foi quando Joana teve a idéia de chamar pela Fada Nona, que prontamente atendeu ao seu pedido e apareceu para todos. Joana perguntou para Fada Nona se ela sabia onde estava o tesouro. A Fada Nona disse que sim, que o Rubão sabiamente a ensinou e ela rapidamente aprendeu, perspicaz como sempre. Esse tesouro estava muito próximo. Ficaram muito curiosos e não paravam de fazer perguntas, afinal passaram o dia procurando e não haviam encontrado nenhuma pista. Ela resolveu ajudar. Encaminhou todos ao escritório do Rubão, lugar onde ele passava a maior parte do seu tempo. Apontou para as prateleiras de livros. Ficaram meio sem entender, mas Joana rapidamente sacou o que era. Olhou para sua Tia Micoleta, que deixou a picareta para trás pois percebeu na hora do que se tratava o tesouro. O maior tesouro que alguém pode ter é o conhecimento e a melhor maneira de tê-lo é lendo. Jack Espirro ficou meio irritado, espirrou mais e mais, porém, logo se rendeu ao encanto dos livros. Passaram o resto do feriado se deliciando com os livros do Rubão. De longe, Fada Nona e Rubão observavam orgulhosos sua família e sabiam que aquelas pessoas propagariam essa riqueza.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Gasolina

Eu estou olhando para o ponteiro da gasolina. Está acabando. Preciso repor. Preciso também repor a energia que se vai com o dia a dia, a alegria quando a festa termina, a paciência para resolver um assunto chato. A gasolina é fácil repor. A energia, a alegria e a paciência recuperamos com o tempo, se quisermos. Agora, não conseguimos repor a sensação do erro não cometido, da audácia reprimida, do momento não vivido, do beijo que deveria ser dado, do carinho que não foi trocado, do presente não comprado. Não repomos a falta que fazemos, o sorriso que não demos, o abraço que guardamos. Repomos a gasolina.